Por Leonardo Milagres

 

O Corpo de Bombeiros, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), desenvolve uma tecnologia para prever inundações em Minas Gerais. A ferramenta vai servir como um apoio na tomada de decisão e ação de salvamento.

O estudo utiliza a análise e combinações de dados para identificar as áreas com maior potencial de enchentes.

O projeto acompanha as seguintes variáveis:

  • Biofísicas, como os canais fluviais que já são conhecidos pelo acúmulo de água, altimetria, índices de precipitação e permeabilidade do solo.
  • Socioculturais, como a assimilação do uso do solo em todo território, índices de fragilidade social e ações de resiliência (saneamento básico, habitação e meio ambiente) dos municípios.

A junção dos fatores de vulnerabilidade e exposição resultou na criação de um modelo composto por cinco classificações de risco: muito alto, alto, moderado, baixo e muito baixo.

Mas o que isso quer dizer e como pode ajudar a população na prática?

O sargento Charles Fonseca, doutorando em análise e modelagem de sistemas ambientais pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é um dos integrantes da equipe, composta por militares e civis.

Ele dá dois exemplos para explicar como a tecnologia pode melhorar o atendimento nas regiões com risco de inundação:

  1. No caso do Corpo de Bombeiros, é possível deslocar mais equipes e equipamentos, como barcos, para as áreas em potencial risco indicadas no modelo. Algumas regiões podem não contar com o necessário para uma resposta rápida.
  2. No caso da Secretaria de Saúde, é possível enviar medicamentos profiláticos e agentes sanitários para apoiar e expandir o atendimento local, principalmente com demandas relacionadas a doenças causadas pela água.

“A vantagem do modelo em relação a um mapa é que ele não é mais estático. Quando se insere um conjunto de dados, ele vai te dar uma resposta sobre a mancha de inundação, que pode mudar com o tempo, principalmente quando há uma série de variações climatológicas. A gente está olhando para o tempo à frente”, afirma o sargento.

O estudo foi validado com informações de atendimentos do Corpo de Bombeiros e da SES-MG e, até o momento, demonstrou alta assertividade para previsões futuras.

“A gente terminou o modelo no fim de novembro, já tentando validar ele durante o período chuvoso. No momento, a acurácia está em 82%”, diz o militar.

De acordo com o setor de estatísticas da corporação, em 2021, os bombeiros realizaram 305 salvamentos de pessoas ilhadas ou em inundação. No mesmo ano, foram atendidas mais de oito mil ocorrências de vistorias de potenciais riscos e orientações à população.

Em relação aos casos de pessoas infectadas por leptospirose, doença diretamente relacionada à água contaminada, a SES registrou, para o mesmo período, 585 casos em todo estado.

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