Uma pesquisa inédita divulgada nesta segunda-feira (1º) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 70% dos industriais estão insatisfeitos com as frequentes interrupções no fornecimento de energia elétrica, que impactam diretamente a produção industrial. Todos os entrevistados relataram ter enfrentado pelo menos um episódio de queda de energia em seus estabelecimentos nos últimos 12 meses.
Falhas Repetitivas
Os dados são preocupantes: 51% dos empresários reportaram mais de cinco falhas de fornecimento ao longo de um ano, enquanto 21% sofreram com interrupções mais de 10 vezes no mesmo período. Quando questionados sobre a qualidade do fornecimento, 11% o classificaram como excelente, 43% como bom, 28% como regular, 9% como ruim e 9% como péssimo.
Impacto na Produção
“O maior problema da queda de energia para a indústria é a paralisação da produção. Dependendo do tipo de empresa e da linha de produção, há perdas de matéria-prima, produtos e horas de trabalho. São prejuízos consideráveis, que acabam impactando em custos elevados para as indústrias”, explica Roberto Wagner Pereira, gerente de Energia da CNI.
Diferenças Regionais
Pereira destaca que os cortes de energia são muito regionalizados, dependendo da situação de cada distribuidora. Ele cita o Norte do país como uma região onde as interrupções de energia são frequentes, trazendo grandes transtornos e prejuízos econômicos para as indústrias locais.
Necessidade de Investimentos
Embora a qualidade da energia medida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) esteja num patamar aceitável, Pereira ressalta a necessidade constante de melhorias no setor elétrico, especialmente na área de distribuição.
Ivan Camargo, professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em energia, reforça a importância de investimentos na infraestrutura para reduzir as falhas no fornecimento. “Para diminuir a quantidade de interrupções, precisamos investir mais em linhas de transmissão e distribuição, tornando o sistema mais confiável”, afirma Camargo.
Comparação Internacional
Camargo destaca que, embora os números do setor mostrem uma melhora, ainda estão abaixo dos padrões internacionais. “O mundo todo mede suas interrupções em minutos e nós ainda estamos medindo em horas. Precisamos de um grande esforço e investimentos para melhorar isso, o que pode encarecer a conta de energia, mas é necessário.”
Frequência das Quedas
A pesquisa revela que 21% dos entrevistados enfrentaram mais de 10 quedas de energia em um ano. Outros 6% relataram entre 9 e 10 quedas, 7% entre 7 e 8, 17% entre 5 e 6, 34% entre 2 e 4, e 9% apenas uma vez.
Mercado Livre de Energia
A pesquisa também indica que 26% das indústrias estão no mercado livre de energia, onde os consumidores negociam diretamente com as empresas geradoras ou comercializadoras de energia, alcançando uma média de economia de 29%. Apesar disso, 56% das indústrias ainda compram energia exclusivamente no mercado cativo.
Intenção de Migrar
Sobre a intenção de migrar para o mercado livre, 33% das indústrias manifestaram interesse, 21% afirmaram que talvez possam migrar e 42% não têm intenção de fazer essa mudança. Entre médias e grandes indústrias, o índice de intenção de migração sobe para 48%.
A pesquisa da CNI destaca a necessidade urgente de investimentos na infraestrutura energética do país para garantir um fornecimento mais estável e confiável, minimizando os prejuízos para a indústria e impulsionando o crescimento econômico.